Ministras e vice-ministras de agricultura das américas lançam foro para melhorar políticas e promover direitos para as mulheres rurais
Cerca de 58
milhões de mulheres vivem em áreas rurais da América Latina e do Caribe e são
responsáveis por 80% da produção de alimentos, mas seu trabalho é subnotificado
e apenas 10% têm acesso a crédito e 5%, a assistência técnica
No âmbito da Pré-Cúpula das Nações Unidas sobre Sistemas
Alimentares, que começou na segunda-feira, 26 de julho, em Roma, foi lançado o
Foro de Ministras e Vice-Ministras da Agricultura das Américas, cuja missão
será aperfeiçoar as políticas públicas e tornar visível o protagonismo da
mulher no desenvolvimento rural com o objetivo de favorecer o pleno
reconhecimento de seus direitos.
O lançamento, que contou com a presença de ministros,
secretários e vice-ministros de 12 países das Américas, foi um passo
fundamental para a institucionalização de um espaço cujo objetivo é propor
políticas concretas que favoreçam o desenvolvimento sustentável dos sistemas
agroalimentares por meio do reconhecimento da contribuição crucial das mulheres
rurais do continente para a erradicação da pobreza extrema e da fome.
A reunião em que o Fórum foi instituído foi convocada
pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e
realizada na Embaixada do Brasil em Roma, coincidindo com o primeiro dia da
Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares, entre 26 e 28 de julho na capital italiana.
Participaram Samantha Marshall, ministra da Agricultura e
Pesca de Antígua e Barbuda; Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento do Brasil; María Emilia Undurraga, ministra da Agricultura do
Chile; Tanlly Vera, ministra da Agricultura e Pecuária do Equador; Jewel H.
Bronaugh, subsecretaria de Agricultura dos Estados Unidos, e Natasha Kim,
vice-ministra da Agricultura e Agro Alimentação do Canadá.
Também estiveram presentes Martha Lucía Rodríguez Lozano,
vice-ministra de Desenvolvimento Rural da Colômbia; Lily Pacas, vice-ministra
da Agricultura e Pecuária de El Salvador; Judith Ordóñez, subsecretaría de
Pecuária de Honduras; Bettina Aguilera Paniagua, vice-ministra da Agricultura
do Paraguai; María Isabel Remy Simatovic, vice ministra de Políticas e
Supervisão de Desenvolvimento Agrário do Peru e Miriam Guzmán, vice ministra de
Desenvolvimento Rural da República Dominicana.
Cerca de 58 milhões de mulheres vivem em áreas rurais da
América Latina e do Caribe e são responsáveis por 80% da produção de alimentos,
mas seu trabalho é sub-registrado e apenas 10% têm acesso a crédito e apenas 5%
a programas de assistência técnica.
A apresentação do Fórum, cuja primeira reunião foi
intitulada “Mulheres na vanguarda da transformação dos sistemas
agroalimentares”, foi feita pelo diretor-geral do IICA, Manuel Otero, em
conjunto com a secretária-geral Ibero-americana, Rebeca Grynspan.
Os ministros e vice-ministros participantes expressaram
seu interesse em que o Foro se torne um espaço de diálogo e troca de
informações para compartilhar experiências de gestão no acesso ao crédito,
disponibilidade de novas tecnologias, posse e propriedade da terra e outros
assuntos em que Mulheres rurais nas Américas - que contribuem de forma decisiva
para a segurança alimentar regional e global - historicamente negligenciados.
“Devemos discutir políticas públicas e trocar informações
para ajudar as mulheres rurais em nosso continente. Vivemos um ciclo de
profundas transformações em nossa sociedade e o papel da mulher como agente de
mudança é cada vez mais evidente. O empoderamento feminino é essencial para
garantir a segurança alimentar global”, disse a ministra brasileira Tereza
Cristina.
Segundo Rebeca Grynspan, mais da metade dos alimentos é
produzida por mulheres nas Américas. “Não existe – disse ela - uma vulnerabilidade
intrínseca, mas uma violação de direitos. O que precisamos é que vejam nossa
capacidade de transformar o mundo rural e a sociedade”, destacou.
Para ela, prevalece, ainda, a mentalidade do século 20 e,
agora, as mulheres precisam ter acesso a crédito. “Na pós-pandemia precisamos
de uma ruralidade diferente para ir para um novo normal, mais inclusivo e
melhor”, disse ele.
A importância da constituição do fórum de ministros e
vice-ministros das Américas coincide com a realização de um evento global em
que se discute o futuro dos sistemas agroalimentares no mundo em que, pela
primeira vez, 31 representantes da agricultura das América chegaram a um
consenso em defesa das práticas agrícolas e pecuárias das Américas. O
documento, produzido sob a coordenação do IICA, foi entregue na pré-Cúpula.
O diretor-geral do IICA, Manuel Otero, ratificou o
compromisso do Instituto com o empoderamento das mulheres e sua plena
participação nos processos produtivos com igualdade de direitos.
Entrega do Documentos de Consenso:
Otero e 12 ministros apresentaram o documento “Principais mensagens a caminho
da Cúpula das Nações Unidas sobre os Sistemas Alimentares a partir da
perspectiva da Agricultura das Américas”. O continente americano é a primeira
região a entregar uma posição de consenso alcançada com a realização de
oficinas e discussões com governos, setor privado e ONGs.
Fonte: IICA
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