Mulheres na vanguarda da transformação dos sistemas agroalimentares

Ministras e vice-ministras de agricultura das américas lançam foro para melhorar políticas e promover direitos para as mulheres rurais 

Foto: Apresentação REAF, 2017

Cerca de 58 milhões de mulheres vivem em áreas rurais da América Latina e do Caribe e são responsáveis por 80% da produção de alimentos, mas seu trabalho é subnotificado e apenas 10% têm acesso a crédito e 5%, a assistência técnica

No âmbito da Pré-Cúpula das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentares, que começou na segunda-feira, 26 de julho, em Roma, foi lançado o Foro de Ministras e Vice-Ministras da Agricultura das Américas, cuja missão será aperfeiçoar as políticas públicas e tornar visível o protagonismo da mulher no desenvolvimento rural com o objetivo de favorecer o pleno reconhecimento de seus direitos.

 

O lançamento, que contou com a presença de ministros, secretários e vice-ministros de 12 países das Américas, foi um passo fundamental para a institucionalização de um espaço cujo objetivo é propor políticas concretas que favoreçam o desenvolvimento sustentável dos sistemas agroalimentares por meio do reconhecimento da contribuição crucial das mulheres rurais do continente para a erradicação da pobreza extrema e da fome.

 

A reunião em que o Fórum foi instituído foi convocada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e realizada na Embaixada do Brasil em Roma, coincidindo com o primeiro dia da Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares, entre 26 e 28 de julho na capital italiana.

 

Participaram Samantha Marshall, ministra da Agricultura e Pesca de Antígua e Barbuda; Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil; María Emilia Undurraga, ministra da Agricultura do Chile; Tanlly Vera, ministra da Agricultura e Pecuária do Equador; Jewel H. Bronaugh, subsecretaria de Agricultura dos Estados Unidos, e Natasha Kim, vice-ministra da Agricultura e Agro Alimentação do Canadá.

 

Também estiveram presentes Martha Lucía Rodríguez Lozano, vice-ministra de Desenvolvimento Rural da Colômbia; Lily Pacas, vice-ministra da Agricultura e Pecuária de El Salvador; Judith Ordóñez, subsecretaría de Pecuária de Honduras; Bettina Aguilera Paniagua, vice-ministra da Agricultura do Paraguai; María Isabel Remy Simatovic, vice ministra de Políticas e Supervisão de Desenvolvimento Agrário do Peru e Miriam Guzmán, vice ministra de Desenvolvimento Rural da República Dominicana.

 

Cerca de 58 milhões de mulheres vivem em áreas rurais da América Latina e do Caribe e são responsáveis por 80% da produção de alimentos, mas seu trabalho é sub-registrado e apenas 10% têm acesso a crédito e apenas 5% a programas de assistência técnica.

 

A apresentação do Fórum, cuja primeira reunião foi intitulada “Mulheres na vanguarda da transformação dos sistemas agroalimentares”, foi feita pelo diretor-geral do IICA, Manuel Otero, em conjunto com a secretária-geral Ibero-americana, Rebeca Grynspan.

 

Os ministros e vice-ministros participantes expressaram seu interesse em que o Foro se torne um espaço de diálogo e troca de informações para compartilhar experiências de gestão no acesso ao crédito, disponibilidade de novas tecnologias, posse e propriedade da terra e outros assuntos em que Mulheres rurais nas Américas - que contribuem de forma decisiva para a segurança alimentar regional e global - historicamente negligenciados.

 

“Devemos discutir políticas públicas e trocar informações para ajudar as mulheres rurais em nosso continente. Vivemos um ciclo de profundas transformações em nossa sociedade e o papel da mulher como agente de mudança é cada vez mais evidente. O empoderamento feminino é essencial para garantir a segurança alimentar global”, disse a ministra brasileira Tereza Cristina.

 

Segundo Rebeca Grynspan, mais da metade dos alimentos é produzida por mulheres nas Américas. “Não existe – disse ela - uma vulnerabilidade intrínseca, mas uma violação de direitos. O que precisamos é que vejam nossa capacidade de transformar o mundo rural e a sociedade”, destacou.

 

Para ela, prevalece, ainda, a mentalidade do século 20 e, agora, as mulheres precisam ter acesso a crédito. “Na pós-pandemia precisamos de uma ruralidade diferente para ir para um novo normal, mais inclusivo e melhor”, disse ele.

 

A importância da constituição do fórum de ministros e vice-ministros das Américas coincide com a realização de um evento global em que se discute o futuro dos sistemas agroalimentares no mundo em que, pela primeira vez, 31 representantes da agricultura das América chegaram a um consenso em defesa das práticas agrícolas e pecuárias das Américas. O documento, produzido sob a coordenação do IICA, foi entregue na pré-Cúpula.

 

O diretor-geral do IICA, Manuel Otero, ratificou o compromisso do Instituto com o empoderamento das mulheres e sua plena participação nos processos produtivos com igualdade de direitos.

 

Entrega do Documentos de Consenso:  Otero e 12 ministros apresentaram o documento “Principais mensagens a caminho da Cúpula das Nações Unidas sobre os Sistemas Alimentares a partir da perspectiva da Agricultura das Américas”. O continente americano é a primeira região a entregar uma posição de consenso alcançada com a realização de oficinas e discussões com governos, setor privado e ONGs.

Fonte: IICA

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