Políticas públicas voltadas para desenvolvimento da agroecologia geram resultados positivos

Imagem: Flickr - Kênya Lima
O secretário-executivo da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica da Secretaria de Governo, Rogerio Neuwald, disse nesta quarta-feira (24) que a implementação, no Brasil, de uma política pública voltada para agroecologia enfrenta grandes desafios, mas já apresenta resultados positivos. Ele participou do primeiro encontro de estruturação da Plataforma Tecnológica de Agroecologia, Agricultura Orgânica e Segurança Alimentar, um dos projetos estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações aprovados na 8ª convocatória do programa Diálogos Setoriais entre Brasil e União Europeia. 
"Nós temos diversos biomas, e dentro deles nós temos diversas tradições locais, e dentro delas temos culturas alimentares de diferentes tipos de produção da agricultura familiar e também do agronegócio", apontou. "Diante do tamanho e da diversidade nacional, a dificuldade de se implementar uma política pública fica muito maior."
Neuwald citou o desenvolvimento da cultura de arroz agroecológico em assentamentos da reforma agrária no Rio Grande do Sul, que partiu de 10 hectares em 2003 para 4 mil hectares 10 anos depois. "A agroecologia é uma política recente, em nível federal, efetivada a partir de 2013. E já gerou resultados positivos quanto à sua concretude. Por exemplo, conseguimos aplicar algo em torno de R$ 2,5 bilhões no primeiro Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica [Planapo]."
O gerente de Produtos Orgânicos da empresa Native, Fernando Alonso, falou das inovações no cultivo da cana-de-açúcar. "A premissa que norteou o nosso projeto, iniciado em 1983, é que usinas podem ser mais sustentáveis do que são atualmente. O que é preciso para fazer isso? Nós temos que integrar a vegetação nativa aos canaviais, que sempre foram áreas muito áridas, um ‘mar de cana'. Precisávamos eliminar a queimada na colheita e reciclar nutrientes."
Segundo Alonso, a cada plantação, um canavial gera cinco ou seis cortes, um por ano, antes de ser renovado. "No período entre um ciclo e outro, podemos conduzir uma rotação de culturas, que pode ser comercial – as mais comuns na nossa região, de Ribeirão Preto a Sertãozinho, são amendoim e soja", ilustrou. "Mas lá nós aproveitamos essa oportunidade também para conduzir adubação verde, com leguminosas fixadoras de nitrogênio, porque nós não teríamos muitas chances de obter nitrogênio de outras maneiras."
Experiência francesa
Já o engenheiro agrônomo francês Pierre Schwartz apresentou as experiências de seu país. Segundo ele, a agroecologia tem a ver com soluções que combinam o desenvolvimento econômico e o desempenho ambiental e social.
"Então, não se trata de um conjunto de práticas ou receitas que podem ser, enfim, reproduzidas com facilidade. As soluções são bastante diversas e têm que ser adaptadas caso a caso. Isso é muito diferente do que foi desenvolvido há 50 anos, porque, na verdade, as soluções oferecidas pela agricultura convencional buscam simplificar a natureza. São saídas exageradamente simples."
Nas palavras do engenheiro, a agroecologia depende de características biológicas e ecossistêmicas. "Aí os sistemas ficam mais complexos", explicou Schwartz, que coordena o projeto agroecológico do Ministério francês da Agricultura, da Agroalimentação e da Floresta. "Aqui, não existe apenas uma solução, mas diversas, e temos que encontrar a mais adequada para cada caso. Um projeto de agroecologia depende, ainda, da disposição dos produtores de implementá-lo em suas propriedades."
A plataforma tecnológica em estruturação deve agregar pesquisa, desenvolvimento, produção e distribuição de alimentos, em busca de ampliar oportunidades de inclusão socioprodutiva. O projeto remete a uma ação do MCTIC aprovada em 2015, com a Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis) como executora. O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MPDG) e a Delegação da União Europeia no Brasil (Delbra) coordenam o programa Diálogos Setoriais.
Fonte: http://www.mcti.gov.br/noticia/-/asset_publisher/epbV0pr6eIS0/content/politicas-publicas-voltadas-para-desenvolvimento-da-agroecologia-ja-geram-resultados-positivos;jsessionid=57CC46493E3A62DECE066DB3BA969AFE

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