O estado atual da agricultura digital no Brasil - Inclusão dos agricultores familiares e pequenos produtores rurais
Publicação da CEPAL sobre o estado atual da agricultura digital no Brasil e a inclusão dos agricultores familiares e pequenos produtores rurais
Este estudo tem como objetivo identificar e analisar as políticas públicas e iniciativas privadas adotadas nos países da região para promover o desenvolvimento das tecnologias digitais nos setores agrícola e agroindustrial, com ênfase nas micro, pequenas e médias unidades produtivas. Seus resultados indicam que há áreas técnicas em rápido processo de expansão - por exemplo, assistência técnica e marketing - e destacam a importância de ter agendas digitais setoriais. Pesquisas semelhantes foram realizadas em El Salvador, Guatemala, Honduras e México.
As tecnologias digitais estão
produzindo mudanças profundas na organização da sociedade, perpassando todas as
esferas, da Economia à Cultura. Na economia muitos dos impactos são visíveis
assim como muitas das tendências já são claras: está em curso um processo de
“robotização” dos sistemas produtivos e de “uberização” nas relações de
trabalho. O alcance dos impactos das tecnologias digitais na sociedade ainda
precisa ser mais bem dimensionado e analisado, mas o pouco que já se sabe
permite afirmar que essas tecnologias provocarão mudanças radicais no modo de
produzir e no estilo de vida das sociedades.
Setor tradicionalmente
retardatário, a agricultura não está fora deste processo. Ao contrário, no
Brasil a agricultura e o agronegócio em geral estão de fato na liderança em
muitas áreas nas quais as tecnologias digitais vêm se difundindo rapidamente.
Em alguns segmentos essa nova onda de inovação já está produzindo mudanças
significativas, e tudo indica que o potencial é grande, e que ao longo da
próxima década ocorrerá um abrangente redesenho no setor.
Sabemos bem que as tecnologias e as
inovações não são neutras. Mesmo em economias e indústrias mais homogêneas os
impactos das inovações são diferenciados e alguns atores/empresas conseguem se
aproveitar melhor do que outros de processos inovativos. Isto ocorre mesmo
entre empresas do mesmo porte, com indicadores de competitividade equivalentes,
mas que desenvolvem diferentes habilidades que facilitam a apropriação de
certos processos de inovação, ou se encontram em momentos diferentes do ciclo
de investimentos, para lembrar de dois fatores que ajudam a esclarecer o
argumento do impacto diferenciado da inovação mesmo entre iguais.
Estes impactos diferenciados são
ainda maiores em economias e setores estruturalmente heterogêneos, como é o
caso do Brasil e da agricultura brasileira. Alguns consideram que a revolução
digital abre novas oportunidades para os pequenos e médios produtores, já que
contribui para superar algumas das desvantagens de escala, tem potencial para
reduzir custos de transação, para conectá-los a mercados inalcançáveis atualmente,
e assim por diante. Ainda que não pareça haver dúvidas de que oportunidades se
abrirão também para pequenos e médios produtores/empresas rurais, também não
parece haver dúvida sobre o potencial de exclusão deste processo, em particular
para os produtores que não conseguirem se apropriar destas tecnologias e se
inserir nas cadeias produtivas “digitais” que passarão a dominar as cadeias do
agronegócio. Este risco é grande, em especial quando se leva em conta a
heterogeneidade da agricultura brasileira, e que um número expressivo de
produtores ficou à margem das ondas de inovação que transformaram o setor nos
últimos 50 anos, desde a década de 1970.
O pano de fundo deste estudo sobre
a agricultura digital ou 4.0 no Brasil, seu objetivo geral, é justamente buscar
conhecimento sobre a inclusão dos pequenos e médios produtores/empresas neste
processo. Portanto, nosso olhar precisa estar sempre atento para este objetivo
maior do trabalho.
Puvblicação disponível em: https://www.cepal.org/sites/default/files/publication/files/46958/S2100279_pt.pdf
Comentários
Postar um comentário