Foto: br.boell.org
Não há outro caminho para conciliar a produção
agrícola com a preservação do meio ambiente a não ser acreditar no potencial da
chamada agricultura regenerativa. A avaliação foi feita pelo pesquisado Rattan
Lal, durante evento realizado via internet pelo Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura (IICA) e pela empresa de alimentos e bebidas
Pepsico.
De
acordo com o informe divulgado pelo IICA, a transmissão foi acompanhada por
cerca de 200 pessoas, parte delas representantes de fornecedores da
multinacional em países da América Latina e Caribe.
Professor
da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, Rattan Lal é considerado
a maior autoridade mundial em ciência do solo, segundo o IICA. Embaixador da
boa vontade da instituição, ele recebeu o Prêmio Mundial de Alimentação em 2020
e, em 2007, esteve entre os que receberam o Prêmio Nobel da Paz, como
integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da
Organização das Nações Unidas (ONU).
“Hoje
em dia se escutam questionamentos na agricultura. Mas não podemos deixar ela de
lado porque é essencial para a nutrição da humanidade e precisamos dela. A
agricultura tem que ser uma solução; de nenhuma maneira pode ser um problema”,
disse Lal, conforme o divulgado pelo IICA.
De acordo
com o pesquisador, os princípios da agricultura regenerativa estão relacionados
à adoção do plantio direto, reutilização de resíduos das colheitas como adubo
natural, uso de culturas para cobertura vegetal, manejo integrado de pragas,
rotação de culturas e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Em sua
visão, colocar esses princípios em prática implica deixar de lado uma produção
baseada em combustíveis fósseis, seja em seu uso como insumo ou como fonte de
energia.
“A
dependência nos combustíveis fósseis”, advertiu, segundo o informe divulgado
pelo IICA, “tem uma grande variedade de impactos ambientais negativos que não
podem ser ignorados, como a emissão de gases de efeito estufa que contribui à
mudança climática, o grande consumo de água e a sua contaminação, a
acidificação dos oceanos e a poluição do ar.”
O processo de
mudança, afirmou Lal, passa por uma agricultura baseada no que chamou de
inovação ecológica, apoiada em fontes de energia que neutralizem as emissões de
carbono. Em sua visão, é preciso algo como uma nova Revolução Verde, baseada na
saúde do solo. É disso que, de acordo com o pesquisador, depende a segurança
alimentar em um mundo onde há milhões de pessoas malnutridas ou passando fome.
Durante
a transmissão, o pesquisador destacou que toda as civilizações mais antigas
atribuíam grande importância ao solo. E destacou que mantê-lo saudável gera
serviços ecossistêmicos essenciais para a sobrevivência da natureza.
Na
visão de Lal, há um forte laço entre o solo e a saúde humana. Isso porque a
degradação do solo tem como consequências a degradação de espécies vegetais e
animais, e, por consequência, das condições de saúde das pessoas.
“Quando
o solo é pobre, as pessoas são pobres,” advertiu Lal, explicando que a produção
agropecuária deve aplicar o que ele chamou de lei do retorno: “devolva tudo o
que você tire do solo e cuide com sabedoria de qualquer coisa que você tenha
mudado. Tente predizer o que vai acontecer amanhã. Produza mais com menos.”
Foto: br.boell.org
https://revistagloborural.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2021/03/agricultura-regenerativa-e-o-caminho-da-producao-com-preservacao-diz-cientista.html
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