O grupo de investigação do IPES-Food lançou
um relatório que propõe uma "viragem para todo o sistema alimentar, reunindo
as várias políticas setoriais que afetam a produção, o processamento, a
distribuição e o consumo de alimentos e reorientando todas as ações para a
transição para a sustentabilidade". Uma política alimentar comum é
urgente para lutar contra as alterações climáticas, travar a perda de
biodiversidade, reduzir a obesidade e tornar a agricultura viável para as
gerações futuras. Esta foi a mensagem comunicada ao Parlamento Europeu e
ao Comité Económico e Social Europeu pelo painel internacional de especialistas
em sistemas alimentares sustentáveis (IPES-Food), após três anos de um estudo
bastante participado.
Partindo do
princípio que as reformas mais ambiciosas só resultarão na condição dos
processos de decisão se libertarem da pressão dos lobbys, reconhecer e
incorporar novos atores para a discussão, elaborar políticas públicas sobre
bases mais democráticas e considerar novas prioridades reivindicadas por
diversos atores da sociedade civil.
O relatório
apresenta uma visão de conjunto, com objetivos e prazos precisos com vista à
reforma dos sistemas alimentares europeus. Ao todo conta 80 propostas de
reforma, distribuídas a curto, médio e longo prazo, que se reforçam mutuamente.
Segundo Olivier De Schutter, copresidente do IPES-Food e principal autor do relatório:
“Não se pode esperar que os agricultores adotem um novo modelo de produção.
Devemos tomar medidas, em paralelo, para garantir o acesso à terra,
reterritorializar as cadeias de valor, facilitar o acesso ao mercado e
estimular mudanças de modos e hábitos de consumo.”
A visão da
política alimentar comum está alicerçada num processo de inteligência coletiva
que reuniu mais de 400 agricultores, empresários do setor agroalimentar, atores
da sociedade civil, cientistas e decisores políticos, consultados no âmbito de
cinco laboratórios políticos, quatro laboratórios locais em várias cidades
europeias do Fórum europeu da alimentação e da agricultura (EU3F) que esteve
reunido em maio 2018.
O plano de
reforma também integra propostas já aprovadas pelo Parlamento Europeu, Comité
Económico e Social Europeu, Comité das Regiões e vastas coligações da sociedade
civil. “Ao fim ao cabo, este relatório é um apelo à ação”, declarou De
Schutter. E acrescentou, “quer seja a reforma da PAC, a aprovação dos
pesticidas ou as negociações comerciais, a distância entre o que os cidadãos
esperam dos sistemas alimentares e o que as políticas atuais são capazes de
alcançar, nunca foi tão grande.” Daí a necessidade de "reintroduzir
políticas públicas para o bem comum e de restabelecer a confiança do público no
projeto europeu."
Aceda ao
relatório (disponível em língua inglesa) em http://www.ipes-food.org/_img/upload/files/CFP_FullReport.pdf
Comentários
Postar um comentário