Author(s): AFP
QUITO - Índios amazônicos do
Equador declararam nesta quinta-feira (26/07) como "selva viva" seu
território com o objetivo de que o governo reconheça o local como um "ser
vivo" com direitos. O objetivo da iniciativa é evitar a exploração de seus
recursos e pedir novas medidas de conservação.
Em uma cerimônia realizada em
Quito, a capital, nativos kichwas de Sarayaku, a cerca de 200 km ao sudeste,
lançaram esta proposta porque pretendem conservar de forma sustentável suas
terras e a relação material e espiritual que têm com a selva.
Os índios declararam 135 mil
hectares de bosque como "kawsak sacha (na língua kichwa), que significa
selva viva, ser vivo e sujeito consciente de direitos", afirmou, ao ler a
resolução, Miriam Cisneros, presidente da comunidade Sarayaku.
Ela acrescentou que
"kawsak" visa incluir os seres do mundo animal, vegetal, mineral,
espiritual e cósmico" que habitam a selva e se relacionam com os seres
humanos.
Embora o Equador reconheça em sua
constituição que a natureza tem o direito que se "respeite plenamente a
sua existência", para Yaku Viteri, do povo Sarayaku, "o governo e as
indústrias transnacionais não entendem" o que isso implica.
"Queremos conquistar que
nosso território esteja seguro, que o governo (...) garanta nosso território.
Ao garantir nosso território, garante nossas vidas, nossa forma de viver, nossa
filosofia, nosso 'sumak kawsaw' (bem viver)", comentou Viteri.
Vestindo cocares de penas
coloridas e colares de contas brilhantes, homens e mulheres de Sarayaku
dançaram e brindaram com uma bebida tradicional pela declaração com a qual
esperam mover suas terras para longe das atividades minerais e petroleiras.
Documento pede novas formas de
conservação
"Nós propomos uma
alternativa ao modelo de desenvolvimento tradicional que sempre foi considerado
para a Amzônia, aos territórios dos povos indígenas, como zona de extração,
como zona de exploração", disse o líder José Gualinga.
O documento, lido diante de cerca
de 300 pessoas, aconselha o governo do presidente Lenín Moreno a buscar novas
formas de proteção e conservação dos territórios habitados pelo povos
indígenas.
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