Com 8,7 mil tipos, Brasil é o país com
maior variedade do mundo
O Guapuruvu alcança até 30 metros de altura, e é
natural da Mata Atlântica - Carlos Manoel da Silva
POR O GLOBO - 05/04/2017 8:54 / atualizado 05/04/2017 9:43
RIO — Um levantamento inédito realizado pela ONG britânica Botanic
Gardens Conservation International mostra que o planeta abriga 60.065 espécies
conhecidas de árvore, e o Brasil é o país com a maior diversidade, sendo lar
para 8.715 variedades, cerca de 15% do total. O estudo, publicado este mês no
periódico “Sustainable Forestry”, compilou dados de mais de 500 publicações e
consultou especialistas de todas as organizações filiadas, chegando, pela
primeira vez, a uma contagem precisa de todas as árvores conhecidas, com a
distribuição por país.
O estudo contabilizou apenas árvores,
caracterizadas como “plantas lenhosas com geralmente um tronco único que cresce
a uma altura de pelo menos dois metros, ou, quando com múltiplos troncos, que
ao menos uma haste vertical tenha cinco centímetros de diâmetro na altura do
peito”. A estimativa é que elas representem 20% de todas as espécies de
plantas.
Os países com maior diversidade possuem
florestas tropicais. Após o Brasil está a vizinha Colômbia, com 5.776 espécies;
e a Indonésia, com 5.142. O Brasil também é o país com maior número de espécies
endêmicas, com 4.333 variedades encontradas apenas em território nacional. O
país é seguido por Madagascar, com 2.991 árvores endêmicas; e pela Austrália,
com 2.584. A explicação para esses dois países terem tantas espécies únicas é o
isolamento.
Em entrevista à BBC, o secretário-geral
da Botanic Gardens Conservation International explicou que um levantamento como
este, que aponta de forma precisa todas as espécies de árvores conhecidas, só
foi possível agora graças à digitalização.
— Nós estamos numa posição única porque
temos 500 instituições botânicas como membros — disse Smith, ressaltando que o
banco de dados não é estático: todas as novas espécies descobertas serão
incluídas. — A digitalização desses dados, na prática, é a culminação de
séculos de trabalho.
Fonte: Botanic Gardens Conservation International
O relatório também divide a ocorrência
das espécies por bioma, sendo o Neotrópico o mais rico, com mais de 23 mil
variedades, seguido pelos outros biomas tropicais: Indo-malaio e Afro-tropical.
Não existem árvores no bioma Antártico, e o com menor diversidade é o Neártico,
na América do Norte, com menos de 1.400 espécies.
Todos os dados estão sendo publicados
na internet para consulta gratuita pelo site da ONG. A expectativa é que essas
informações ajudem a identificar quais espécies possuem menor população e
necessitam de projetos para evitar a extinção. Uma delas já foi descoberta: a Karomia
gigas, natural de uma região remota na Tanzânia, está muito próxima de
desaparecer por causa da exploração desenfreada da sua madeiAs árvores estão espalhadas por praticamente todos os ecossistemas do
planeta, com exceção do Antártico - KARIM SAHIB / AFP
No fim do ano passado, um grupo de
cientistas encontrou uma população única desta espécie, com apenas seis
árvores. Para salvar a espécie, os pesquisadores recrutaram guardas, para
proteger esses exemplares e coletar sementes. O plano é que essas sementes
sejam cultivadas nos jardins botânicos do país, para que a espécie seja
reintroduzida no futuro.
“Nossa intenção é que o
GlobalTreeSearch seja usado como ferramenta para monitorar e gerenciar a
diversidade de espécies de árvores, florestas e estoques de carbono em escala
global, regional e nacional”, diz a ONG, no estudo. “Ele também será usado como
base do projeto Global Tree Assessment, que pretende avaliar o estado de
conservação de todas as espécies de árvore até 2020”.
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