Investimentos em capital humano e em pesquisa aumentam a produtividade da agricultura

Estudo estima que cada R$ 1 investido com recursos públicos em pesquisa, educação superior e extensão rural na agropecuária resulta em um retorno de R$ 10 a R$ 12 para a economia do Estado, ou em uma contribuição de R$ 5 para o Produto Interno Bruto (PIB) agrícola de São Paulo.

Elton Alisson | Agência FAPESP 
Imagem: José Reynaldo da Fonseca/Wikimedia Commons
As estimativas são resultados da pesquisa “Contribuição da FAPESP ao desenvolvimento da agricultura no Estado de São Paulo. “Os investimentos públicos em pesquisa, educação e extensão na agricultura têm que estar incluídos nas prioridades do Estado de São Paulo em razão de seu alto retorno para a economia e contribuição para o PIB paulista”, disse Paulo Fernando Cidade de Araújo, professor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e coordenador do estudo, à Agência FAPESP.
O pesquisador, em colaboração com colegas da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP de Ribeirão Preto, do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, da Esalq, das universidades Federal de Santa Catarina (UFSC), Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e de Brasília (UnB), além do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e das empresas de consultoria MB Associados e MB Agro, realizaram, nos últimos três anos, um amplo estudo sobre a evolução do setor agropecuário no Estado de São Paulo entre 1970 e 2014.
Algumas das questões analisadas foram a contribuição da agricultura ao desenvolvimento econômico paulista, as transformações econômicas que acompanharam o crescimento do setor no Estado nos últimos anos e a eficiência técnica na produção de cana-de-açúcar. Além disso, também estimaram o retorno econômico dos investimentos públicos em capital humano na agropecuária do Estado de São Paulo entre 1981 e 2013 realizados por instituições como a FAPESP.
As análises indicaram que entre 1970 e 2014 a agricultura paulista obteve um ganho de produtividade total de 2,62% ao ano por fatores não relacionados ao aumento da quantidade de insumos usados, conhecido em Economia como Produtividade Total dos Fatores de Produção (PTF). E que a partir de 1994 o ganho de produtividade do setor foi maior, atingindo 3,18% ao ano.
“Utilizando a mesma quantidade de insumos que usava em anos anteriores, o setor agropecuário paulista passou a produzir muito mais em razão de uma combinação de fatores, como os investimentos públicos em pesquisa, ensino superior e extensão rural”, apontou Araújo.
Contribuição
O levantamento indicou que, entre 1981 e 2013, os investimentos médios anuais em pesquisa na área agropecuária, realizados por instituições como a FAPESP, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), totalizaram R$ 417,81 milhões.
Especificamente, os investimentos públicos em educação superior – voltada à formação de profissionais e pesquisadores na área – realizados no mesmo período por universidades como a USP, a Estadual de Campinas (Unicamp) e a Estadual Paulista (Unesp) foram, em média, de R$ 415,36 milhões anuais.
E os investimentos em extensão rural de instituições como a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) foram de, aproximadamente, R$ 302,1 milhões anuais.
Com base nesses valores, os pesquisadores elaboraram modelos estatísticos para estimar os efeitos de um aumento percentual nos investimentos em capital humano sobre a produtividade total da agropecuária paulista, e qual o retorno econômico de cada R$ 1 adicional investido para esse fim no setor.
Os resultados das projeções indicaram que um aumento de 10% nos gastos em pesquisa, educação superior e extensão rural resulta em um incremento de 4,8% na produtividade agropecuária.
E que cada R$ 1 de investimento em capital humano resulta em um aumento de, aproximadamente, R$ 12 no valor da produção agropecuária paulista quatro anos após o aporte dos recursos.
“A magnitude do retorno econômico dos investimentos públicos em capital humano na agropecuária paulista é algo semelhante ao obtido em países como os Estados Unidos, onde cada dólar investido no setor agrícola gerou, no passado, um aumento no faturamento equivalente a US$ 13”, comparou Araújo.
Sistemas complementares
Os pesquisadores destacam no estudo que o Estado de São Paulo possui uma capacidade instalada diversificada e de qualidade tanto no ensino superior, como na pesquisa e na extensão rural, e que a interligação entre esses três sistemas traz grandes benefícios ao setor agropecuário paulista.
As instituições públicas de ensino superior no Estado de São Paulo – como a USP, Unicamp, Unesp e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – têm formado bons profissionais e investido de forma consistente em pesquisa e desenvolvimento na agricultura paulista.
Além disso, as instituições privadas de ensino superior estão em rápido crescimento, formando recursos humanos em Ciências Agrárias e áreas afins, apontam os pesquisadores.
A Fundação investiu entre 1981 e 2013 R$ 3,4 bilhões em pesquisas na área de Ciências Agrárias e afins. “Os investimentos em pesquisa em agropecuária feitos pela FAPESP são de suma importância para o setor”, avaliou. 
Veja matéria completa em: http://agencia.fapesp.br/investimentos_em_capital_humano_e_em_pesquisa_aumentam_a_produtividade_da_agricultura/23878/

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