Investigadores da Universidade de Vila Real (Portugal) concluíram que as
alterações climáticas vão afetar o mapa vitivinícola europeu até ao final do
século, podendo modificar as características das regiões, a qualidade e
tipicidade dos vinhos
Foto: www.agronegocios.eu - o portal de informação agroalimentar de Portugal
"As projeções futuras indicam um
aumento de produção em grande parte da Europa, inclusivamente com condições mais
favoráveis para a produção de vinho de elevada qualidade nas regiões atualmente
mais frias. No entanto, em algumas regiões do sul da Europa, já atualmente
muito quentes e secas, poderão surgir efeitos claramente adversos na produção e
na qualidade", afirmou o investigador Helder Fraga.
Helder Fraga está a realizar um
pós-doutoramento na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), sob a
orientação de João Santos, especialista em climatologia do Centro de
Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), integrado
nesta universidade.
A equipa do CITAB estudou a adequação
da viticultura, produção, fenologia e índices de stresse hídrico e de azoto na
Europa, para climas atuais (1980-2005) e futuros (2041-2070).
Neste trabalhado, classificado pela
academia transmontana como "inovador a nível mundial", foram
simulados dois cenários, um mais moderado e outro mais gravoso, para a
avaliação dos impactes do aumento futuro das concentrações de gases com efeito
de estufa na viticultura Europeia.
Os investigadores concluíram que as
alterações climáticas projetadas para a Europa "poderão modificar o
terroir de cada região, incluindo a qualidade e tipicidade dos respetivos
vinhos".
Em causa está o aumento generalizado
da temperatura por toda a Europa, o que poderá ter impactes significativos,
quer positivos quer negativos, nas regiões vitivinícolas atuais, e permitir o
aparecimento de novas regiões vitivinícolas no centro e norte da Europa.
Por outro lado, a diminuição da
precipitação no sul da Europa conduzirá a uma intensificação do stress hídrico da videira, que em
algumas regiões poderá ser particularmente severo.
No entanto, apesar dos resultados
apresentados pela investigação, o cenário poderá ser menos
"dramático".
Isto porque, segundo o especialista
em climatologia João Santos, as alterações climáticas devem ser encaradas como
uma "oportunidade" para desenvolver práticas agrícolas mais
eficientes e ambientalmente sustentáveis, procurando soluções inovadoras que
tornem o setor mais competitivo.
"O que vai acontecer ao clima no
futuro está muito dependente da ação do homem no presente. Este estudo serve
essencialmente como meio de apoio à decisão. Mas, caso o setor não se adapte
poderá sofrer consequências indesejáveis", salientou o investigador.
O trabalho está inserido no projeto
"ModelVitiDouro", financiado pelo Fundo Europeu Agrícola de
Desenvolvimento Rural (FEADER) e pelo Estado Português e insere-se numa das
linhas de investigação da Plataforma da Vinha e do Vinho.
Segundo a academia transmontana, os
investigadores estão já a desenvolver um estudo mais detalhado para as regiões
vitivinícolas portuguesas.
Fonte: Lusa. http://24.sapo.pt/article/lusa-sapo-pt_2016_07_22_1879493565_estudo-revela-que-alteracoes-climaticas-vao-afetar-a-viticultura-europeia
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