As mudanças
climáticas terão fortes efeitos negativos para a agricultura familiar das
regiões Norte e Nordeste do país nas próximas décadas, ameaçando a segurança
alimentar dessas comunidades rurais, segundo estudo do Centro Internacional de
Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD)
Agricultores familiares no Rio de Janeiro. Foto: GERJ/Paulo Filgueiras
As mudanças
climáticas terão fortes efeitos negativos para a agricultura familiar das
regiões Norte e Nordeste do país nas próximas décadas, segundo estudo do Centro Internacional de Políticas para
o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), divulgado no mês passado.
De acordo com o
levantamento, os efeitos das mudanças do clima são uma ameaça não somente
à segurança alimentar dessas comunidades rurais — que
já registram baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) — como à
produção de alimentos no país, uma vez que a agricultura familiar
responde pela maior parte do alimento consumido domesticamente no Brasil.
Feito em parceria
com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o estudo indicou que as
áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas no Norte e Nordeste serão o
semiárido e a região de savana do Nordeste — sul do Maranhão, sul do Piauí e a
Bahia ocidental.
No país, a previsão
é que, durante as próximas décadas, a região com maior elevação na
temperatura será a região Centro-Oeste. Contudo, até o fim do século, será
vista também a elevação da temperatura no Norte e Nordeste, principalmente nas
áreas centrais das regiões. Além disso, a projeção é que essas áreas
tenham maiores variações interanuais de precipitação nos períodos de
chuva.
Diante desse
cenário, as culturas de cultivo de soja e café terão as maiores perdas,
enquanto cana de açúcar e mandioca terão prejuízos menores se comparadas a
outras culturas de cultivo. “É nesse sentido que os impactos da mudança do
clima se apresentam como uma ameaça à segurança alimentar nas comunidades
rurais”, disseram os pesquisadores.
Recomendações a
agricultores e poder público
Os pesquisadores
apontaram a necessidade de os agricultores familiares se adaptarem ao aumento
na variabilidade do clima e fizeram recomendações ao setor público para
enfrentar o problema. Segundo o estudo, com planejamento prévio e técnicas
inovadoras, é possível reduzir vulnerabilidades e construir resiliências.
As estratégias
incluem manejo sustentável dos recursos naturais, modernização da
infraestrutura para produção e armazenamento dos produtos e identificação de
alternativas de geração de renda para as famílias.
“São muitos os
constrangimentos vivenciados pelos agricultores familiares nas regiões Norte e
Nordeste do Brasil”, disse o estudo, citando os índices de pobreza dessas
regiões. “As vulnerabilidades desse grupo social serão aprofundadas se os
potenciais impactos da mudança do clima se concretizarem”, completaram.
“Além da
preocupação relativa ao agronegócio e à exportação de produtos alimentícios, a
comunidade nacional e internacional deve compreender que milhões de pessoas
estão vivendo com os rendimentos provindos da agricultura familiar ou da
agricultura de subsistência”, disse o estudo. “Eles são os verdadeiros agentes
para o desenvolvimento”.
Leia aqui o relatório completo “Mudança do
clima e os impactos na agricultura familiar no Norte e Nordeste do Brasil”.
https://nacoesunidas.org/mudancas-climaticas-ameacam-agricultura-familiar-nas-regioes-norte-e-nordeste-diz-centro-da-onu/
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