A população mundial está crescendo e isso faz com que o impacto
ambiental de seus sistemas alimentícios seja maior
POR AGÊNCIA EFE
Os
alimentos locais ou orgânicos não são necessariamente mais respeitosos com o
meio ambiente que aqueles produzidos à distância ou de maneira convencional (Foto:
Charles Haynes/CCommons)
As dietas não só devem ser beneficentes para a saúde humana, mas também para o meio
ambiente, dois aspectos que só aparecem ligados nos guias
nutricionais de poucos países, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira
(19/5) em Roma.
"As duas coisas estão relacionadas. O que comemos tem um
impacto em massa na sustentabilidade do ambiente", sustentou uma das
autoras do relatório, Tara Garnett, diretora da Rede de Pesquisa sobre o Clima
e a Alimentação (FCRN, por sua sigla em inglês).
Este
centro com sede na Universidade britânica de Oxford, em colaboração com a
Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), publicou um estudo
no qual adverte que muitos países estão "perdendo a oportunidade" de
promover sistemas alimentícios saudáveis e sustentáveis.
Uma forma de fazer é elaborando recomendações nutricionais que
conectem a saúde humana com o respeito ao meio ambiente, o que só foi
feito por quatro dos mais de 80 países que têm esse tipo de guias. Trata-se do
Brasil, Alemanha, Suécia e Catar, enquanto Holanda e o Reino Unido começaram a
tomar medidas para considerar a questão ambiental.
As dietas que fomentam a saúde sob impacto ambiental se baseiam,
entre outras coisas, na diversidade de alimentos, no equilíbrio entre as necessidades
de energia e seu consumo, ou no processamento mínimo de grãos, legumes, frutas
e verduras. Também incluem um consumo "moderado" de carnes, produtos
lácteos e peixes obtidos de forma certificada, e "muito limitado" no
caso de alimentos de alto conteúdo em gorduras, açúcar e sal, segundo o
relatório.
Garnett lembrou que a agricultura contribui de forma importante à mudança
climática, à perda debiodiversidade,
à escassez e poluição de água, à degradação do solo e ao desmatamento.
A população mundial, cujo crescimento está fazendo com que o
impacto ambiental de seus sistemas alimentícios seja maior, está
"adoecendo cada vez mais pelos problemas de um consumo de alimentos
excessivo e inadequado", segundo a pesquisadora.
"As dietas atualmente são tão ruins na maioria de países
desenvolvidos que qualquer moderação do consumo de produtos animais e qualquer
aumento do de legumes, frutas e verduras será algo bom para a saúde",
apontou.
Por outro lado, nos países com menos ingressos e afetados pela
fome e a desnutrição, os governos não se ocuparam em fazer recomendações a
favor da sustentabilidade, segundo Garnett. Na África só cinco Estados têm
guias de nutrição, nenhum vinculado ao meio ambiente.
Medir o impacto ambiental, no entanto, é complexo. Segundo o estudo,
os alimentos locais ou orgânicos não são necessariamente mais respeitosos com o
meio ambiente que aqueles produzidos à distância ou de maneira convencional,
embora possam ser mais sustentáveis em determinados aspectos.
Assim, o transporte aéreo de frutas e verduras está associado
com maiores emissões de gases do efeito estufa, mas só
uma pequena parte de seu transporte é realizado por avião, por isso que a
contribuição à mudança climática é relativamente menor. Frente a essas
"contradições", Garnett garantiu que o importante é tentar
"maximizar as sinergias e movimentar o povo rumo a essa direção".
http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2016/05/dietas-saudaveis-tambem-devem-respeitar-o-meio-ambiente-aponta-estudo.html
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