Para
erradicar a fome e a má nutrição na América Latina e no Caribe e avançar rumo
aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é necessário melhorar os sistemas
de monitoramento e avaliação da segurança alimentar e nutricional, disse a
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Tais sistemas reúnem
informações e dados que servem de base para que os países construam ou melhorem
suas estratégias e planos de segurança alimentar e nutricional.
Nos últimos dez anos,
países como Brasil, Colômbia, El Salvador e Uruguai criaram sistemas que
organizam e processam informação de setores agroprodutivos, saúde e segurança
alimentar para convertê-las em dados para a tomada de decisões de políticas
públicas. Um novo estudo da FAO analisou os sistemas de monitoramento e
concluiu que seus vínculos com as políticas nacionais em geral são frágeis.
“Existe uma grande
fragilidade na articulação entre as instituições que implementam as políticas
de luta contra a fome e os sistemas criados para seu acompanhamento”, explicou
Emma Siliprandi, coordenadora do estudo.
De acordo com a FAO,
monitorar e avaliar as ações dos governos e contar com dados mais atuais sobre
segurança alimentar são aspectos essenciais para erradicar a fome. “Isto
requer poderosos sistemas de informação e com uma forte conexão com as
políticas públicas, especialmente tendo em vista os novos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, que representam um grande desafio em termos
estatísticos”, disse Siliprandi.
Recomendações do estudo
Na maioria dos países
analisados pelo estudo é necessário um maior compromisso no âmbito nacional
para que a informação gerada pelos sistemas de monitoramento seja utilizada
pelos setores envolvidos na luta contra a fome.
A primeira recomendação da
FAO é que os sistemas de monitoramento tenham um claro marco conceitual, para
evitar problemas como o uso excessivo de indicadores ou que seja medido um
mesmo aspecto da segurança alimentar de formas diferentes.
Um segundo aspecto
fundamental é a necessidade de garantir recursos e pessoal adequados, uma vez
que o estudo identificou uma carência de pessoal qualificado para gerenciar os
sistemas analisados.
Divulgar os métodos e
a periodicidade da coleta de dados é outro aspecto vital, já que muitos
sistemas trabalham com dados desatualizados, de fontes secundárias ou de baixa
qualidade e com pouca desagregação geográfica, por gênero, idade ou etnia.
O estudo, produzido pela
Cooperação Brasil-FAO, diz que a participação da sociedade civil nos sistemas
oficiais de monitoramento da segurança alimentar é ainda incipiente e, por
isso, deve ser aperfeiçoada. Para isso, é necessário melhorar as relações entre
as diversas instituições e setores envolvidos, fomentando a participação dos
atores-chave do governo e da sociedade civil.
Experiências na região
Entre os países da América
Latina, o Brasil é o que mais desenvolveu seu sistema de monitoramento de
segurança alimentar, estruturado por órgãos oficiais e com instâncias de
controle social.
Equador, El Salvador,
Colômbia e Guatemala apresentam sistemas de fácil acesso e com informação para
o planejamento de ações na luta contra a fome e a má nutrição. Já o México
possui um sistema avançado, enquanto países como Costa Rica e Uruguai estão
desenvolvendo seus próprios mecanismos de monitoramento e avaliação.
A FAO tem apoiado a
criação de Observatórios de Segurança Alimentar e Nutricional de caráter
governamental na Colômbia e no Uruguai, e outros que reúnem o universo
acadêmico de vários países.
Para poder cumprir os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — o segundo dos quais busca a
total erradicação da fome para 2030 — é necessário conhecer de forma real o
estado de diversos indicadores relativos à nutrição, segurança alimentar e à
produção de alimentos, entre outros.
“A única forma de avançar
para a erradicação da fome, a plena sustentabilidade da agricultura e o cuidado
dos recursos naturais é com informação clara e o monitoramento e avaliação
constante das políticas dos governos”, disse Siliprandi.
https://nacoesunidas.org/fao-america-latina-e-caribe-precisam-melhorar-sistemas-de-monitoramento-da-seguranca-alimentar/
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