PNUD capacita pequenos agricultores do semiárido do Sergipe para combater desertificação da caatinga


Publicado em 30/03/2016

Projeto do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do governo ensina técnicas de uso sustentável dos solos da caatinga para evitar esgotamento dos recursos naturais no semiárido do Sergipe. Mais de 74% do território sergipano é suscetível à desertificação.




O território do Sergipe é altamente suscetível à desertificação, devido a questões climáticas e ao uso indevido dos solos. Foto: PNUD Brasil / Tiago Zenero

“Morar aqui na caatinga é excelente, é maravilhoso. Não troco cidade nenhuma por esses pés de árvores maravilhosos aqui. Isso é gostoso, é um alívio, o ar puro, a gente respira, assobia ouvindo os cantos dos pássaros.”

É assim que Silvano Leite, morador do assentamento de Jacaré Curituba, em Canindé, no interior de Sergipe, descreve sua relação com a terra onde vive. No semiárido sergipano, pequenos agricultores buscam sua subsistência nos recursos naturais disponíveis na caatinga.

A exploração indevida do bioma, porém, pode ter consequências graves a longo prazo. Estimativas indicam que 74,2% do território do Sergipe é suscetível à desertificação, que pode ser provocada tanto por questões climáticas, quanto pelo manejo inadequado do solo.

Para conscientizar produtores agrícolas do estado e mostrar como é possível produzir alimentos sem esgotar recursos ambientais, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) realiza o projeto piloto “Manejo de uso sustentável de terras do semiárido do Nordeste brasileiro”, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o governo do Sergipe.

Lançada oficialmente em dezembro de 2015, a iniciativa lida diretamente com habitantes do semiárido sergipano, ensinando novas técnicas de produção agrícola e colocando em contato os pequenos fazendeiros que vivem nos assentamentos com técnicos que conhecem bem a caatinga.

“Somos nós da assistência técnica, são os nossos agricultores e os órgãos ambientais para falar a mesma língua e juntos superar essa dificuldade, que é fazer com que o nosso povo sobreviva à seca, e contribuir para que a nossa caatinga continue em pé”, explica o assessor técnico do projeto, Fabio Andrey Pimentel.
“Nesses assentamentos, o projeto vai estimular práticas sustentáveis de manejo do solo, trocando com as populações ideias e técnicas de como fazer uma gestão sustentável da caatinga a fim de manter uma cobertura florestal”, disse a representante do Programa de Desenvolvimento Sustentável do PNUD, Rose Diegues.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, acredita que o programa promoverá relações mais harmoniosas entre os agricultores e a natureza.
“Espero que esse projeto coloque, no semiárido, a noção clara de proteção e produção de alimentos, onde o agricultor é o grande agente da transformação de uma maior proteção ambiental e onde o meio ambiente vai ser o grande agente de uma maior produtividade e maior ganho de produção local”, destaca.
“Há muito tempo a gente vem lutando por um projeto de recuperação dessas áreas, por um projeto de sustentabilidade dentro das nossas áreas de reserva, para construir isso junto com as famílias”, afirma Silvano, otimista.

No Sergipe, além das instituições mencionadas, o projeto é concebido e realizado também pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e organizações locais.

A expectativa é de que o programa seja replicado também nos outros oito estados do Nordeste e em Minas Gerais e no Espírito Santo, áreas do semiárido brasileiro.

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