Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, a gastronomia sustentável é a cozinha que leva em consideração a origem dos ingredientes, como os alimentos são cultivados e como chegam aos mercados e aos pratos.
Assim, a data procura reconhecer a gastronomia como uma expressão cultural relacionada à diversidade natural e cultural do mundo. Para a ONU, com a pandemia ainda em curso, a celebração de ingredientes e produtores sazonais, preservando a vida rural e tradições culinárias, é mais relevante do que nunca.
Futuro da alimentação
Antes da pandemia, a chef de cozinha Bela Gil falou à ONU News, em 2019, quando participou do Simpósio Internacional sobre o Futuro dos Alimentos. Já na ocasião, ela explicava que os profissionais da cozinha devem pensar na proteção da biodiversidade, em evitar o desperdício de alimentos e no ativismo alimentar.
“[...] a biodiversidade, dos chefs trabalharem com a biodiversidade, porque é fundamental para nossa sobrevivência como espécie, como ser humano. Então não adianta só estar falando sobre biodiversidade, mas cozinhar e comer pensando na biodiversidade, o papel dos chefs nisso. Outra questão é o desperdício de alimentos, como os chefs podem fazer com que a população fique mais consciente sobre isso e até em seus trabalhos utilizarem os alimentos de uma maneira mais integral, e até parte de plantas que são culturalmente rejeitadas e o chef, por ser uma influência muito grande nos dias de hoje, pode mudar o olhar das pessoas”.
Segundo a FAO, um terço de todos os alimentos produzidos é perdido ou desperdiçado. Nessa tendência, o uso de recursos é insustentável, já que a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas até 2050.
A agência da ONU alerta que pensar a alimentação de forma saudável pode fazer a diferença na vida de pessoas, no meio ambiente e nas economias, sendo necessário mais cuidado no uso de recursos naturais do lado dos produtores e mais critério na escola dos alimentos por parte dos consumidores.
Erradicação da fome
O Dia da Gastronomia Sustentável também destaca que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 sobre zerar a fome até 2030. No entanto, a crise de alimentos atual, agravada pela guerra na Ucrânia, tem feito a insegurança alimentar se aprofundar pelo mundo.
A ONU alerta que, se as tendências recentes continuarem, o número de pessoas afetadas pela fome ultrapassará 840 milhões até 2030.
Segundo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, a escassez de alimentos tem sido uma das principais causas dos fluxos migratórios na América Latina. A região abriga 11% da população em insegurança alimentar moderada e grave.
A tendência também é negativa em locais que sofrem com a seca, como o Chifre da África. De acordo com a ONU, a falta de chuvas já afeta mais de 18 milhões de pessoas, enquanto conflitos contínuos e insegurança fazem parte constante da realidade dos povos da Etiópia e da Somália.
Globalmente, 44 milhões de pessoas em 38 países estão em níveis de emergência, conhecidos como IPC 4 ou a um passo da fome. Mais de meio milhão de pessoas na Etiópia, Sudão do Sul, Iêmen e Madagascar já estão no nível 5 do IPC: condições catastróficas ou de fome.
Como contribuir
A FAO faz algumas recomendações para que todos possam contribuir com a alimentação sustentável: apoiar produtores locais, experimentar comidas típicas de cada região, manter tradições culinárias e evitar o desperdício estão na lista.
Essas medidas fortalecem os pequenos comerciantes e suas comunidades e economias, impulsiona a conscientização na escolha de ingredientes e ajuda na proteção de recursos naturais.
Para a FAO, cuidar de alimentos e mercados locais significa que ajudar a preservar raízes culinárias e manter vivas as tradições culinárias.
Segundo um levantamento da agência, se a sustentabilidade fosse levada em consideração, uma mudança global para dietas saudáveis ajudaria a conter o retrocesso na fome, ao mesmo tempo em que geraria enormes economias.
A transformação permitiria que os custos de saúde associados a dietas não saudáveis, estimados em US$ 1,3 trilhão por ano em 2030, fossem quase totalmente compensados, enquanto o custo social relacionado à dieta das emissões de gases de efeito estufa, estimado em US$ 1,7 trilhão, poderia ser reduzido em até três quartos.
Fonte: ONU News - https://news.un.org/pt/story/2022/06/1792892
Comentários
Postar um comentário