Garantir segurança alimentar requer desenvolvimento rural sustentável e gestão das migrações

O coordenador-residente das Nações Unidas e representante-residente do PNUD no Brasil, Niky Fabiancic, também esteve presente no evento. Foto: FAO




Evento em Brasília realizado na terça-feira (10) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em conjunto com o governo do Distrito Federal reuniu 300 pessoas, entre autoridades locais, nacionais e do corpo diplomático, para celebrar o Dia Mundial da Alimentação e debater a crescente onda de deslocamentos no mundo.


“Há poucos dias, a FAO constatou que a fome no mundo voltou a crescer depois de anos em constante queda. São 38 milhões de pessoas a mais e um total de 815 milhões. O crescimento desse índice pode estar associado às migrações que muitas vezes obrigam as pessoas a fugirem de seus países. Não podemos aceitar que os deslocamentos forçados gerem insegurança alimentar”, ressaltou o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.


Evento em Brasília realizado na terça-feira (10) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em conjunto com o governo do Distrito Federal reuniu 300 pessoas, entre autoridades locais, nacionais e do corpo diplomático, para celebrar o Dia Mundial da Alimentação, lembrado em 16 de outubro, e debater a crescente onda de deslocamentos no mundo.


As discussões do evento deste ano giraram em torno da questão das migrações, com o tema “Mudar o futuro da migração: investir em segurança alimentar e desenvolvimento rural”. Somente em 2015, 65 milhões de pessoas tiveram que deixar seus lares no mundo todo devido a situações de conflitos internos, vulnerabilidade e diante de fenômenos ambientais provocados em grande parte pelas mudanças climáticas.


“Há poucos dias, a FAO constatou que a fome no mundo voltou a crescer depois de anos em constante queda. São 38 milhões de pessoas a mais e um total de 815 milhões. O crescimento desse índice pode estar associado às migrações que muitas vezes obrigam as pessoas a fugirem de seus países. Não podemos aceitar que os deslocamentos forçados gerem insegurança alimentar”, ressaltou o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.


O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, agradeceu a FAO por realizar a celebração na casa do Executivo de Brasília, o Palácio do Buriti. Ele lembrou que a capital do país é a que mais recebe migrantes de todo o mundo e falou sobre a necessidade de fortalecer o desenvolvimento rural, especialmente a agricultura familiar. “Um mundo mais justo, solidário e generoso é um mundo com segurança alimentar e que trate todos de forma igual”.


Para o chefe da missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Stéphane Rostiaux, as decisões de migração contribuem para a construção de capacidades de adaptação, aumentando as oportunidades de subsistência e melhorando o acesso aos alimentos. “As populações rurais que dependem muito da agricultura para alimentação são vulneráveis a crises, desastres e, portanto, à migração”, disse.


O coordenador-residente da ONU no Brasil, Nick Fabiancic, apontou os compromissos assumidos em 2015 pelos países com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como um dos caminhos para garantir a efetiva segurança alimentar no mundo.


“O ODS 2 vem ao encontro do Dia Mundial da Alimentação ao visar acabar com a fome no mundo até 2030, alcançar a segurança alimentar e nutricional, melhores condições nutricionais e promover a agricultura sustentável”, declarou Fabiancic. “Para cumprir esse objetivo, é preciso um olhar atento para a população rural, que abarca hoje 80% das pessoas que vivem em extrema pobreza, e o Brasil tem 30% dos pobres rurais da América Latina. Devemos focar em investimentos em políticas efetivas para as áreas rurais”, afirmou Fabiancic.

Dignidade humana


Coube a Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizar a palestra magna do evento. “O Dia Mundial da Alimentação de 2017 busca o futuro. Almeja no futuro próximo a possibilidade de uma vida humana com dignidade, isso quer dizer, com segurança de alimentos. O poder alimentar-se”, disse, lembrando que a CNBB já vem trabalhando há anos com agricultura familiar e com o tema das migrações.


Para o religioso, o futuro das migrações passa pelo investimento em segurança alimentar e nutricional. “Uma grande quantidade de pessoas migra em busca de alimentos”.


Ele destacou ainda as palavras do papa Francisco proferidas durante o Encontro Mundial de Movimentos Sociais em 2016. Na ocasião, o papa apresentou três condições para integração e para a segurança das pessoas: terra, trabalho e casa. “Esses três pontos representam uma segurança para o migrante e asseguram uma vida digna. Um direito de existir”.

Agenda 2030 e o Brasil
A secretária adjunta de Segurança Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Lilian Rahal, disse que o Brasil tem desenvolvido um conjunto de políticas públicas que fizeram com que o país deixasse o mapa da fome da ONU em 2014.

“A segurança alimentar vem sendo um tema de preocupação constante do governo federal brasileiro ao longo dos últimos anos. Mas não podemos esquecer que os desafios continuam e, atualmente, estamos preocupados com o combate à obesidade, outra face da desnutrição contra a qual precisamos lutar.”

O renomado e premiado chefe de cozinha Alex Atala prestigiou o evento e questionou os presentes sobre o que conecta 7 bilhões de pessoas no mundo. Segundo ele, não é a Internet, mas as cadeias de alimentos, organizadas, reestruturadas e realinhadas.

Atala também ressaltou a importância do Brasil nesse processo e afirmou que todos os atores do país estão ativos e presentes, como as grandes empresas, as comunidades e os saberes tradicionais. “Nenhum lugar do mundo está tão pronto para falar de alimentação em grande escala quanto o Brasil”, destacou. 

https://nacoesunidas.org/garantir-seguranca-alimentar-requer-desenvolvimento-rural-sustentavel-e-gestao-das-migracoes/

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