Agricultura Familiar jovem e feminina

Silvia Menegat, 42 anos, produtora de queijos e biscoitos (Foto: Rômulo Serpa/Ascom)
Pela primeira vez em 18 anos, a Feira da Agricultura Familiar na Expointer está mais jovem e feminina. Dos expositores do pavilhão, apenas 13% são homens com mais de 30 anos, segundo informações da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul (SDR/RS). As mulheres e os filhos dos agricultores são maioria – 87% – no espaço dedicado às agroindústrias familiares gaúchas.
De acordo com o delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar no Rio Grande do Sul (DFDA/Sead), Márcio Madalena, essa característica atual do pavilhão representa, e muito, os avanços das políticas que fortalecem a produção familiar, mantendo os jovens no campo e dando autonomia às mulheres rurais.
“O Pavilhão da Agricultura Familiar é uma vitrine para o mundo e esse grande número de jovens e de mulheres é um diferencial espetacular. Quando a gente vê um estande com pai e filho, em um determinado momento veremos o filho tocando o negócio da família, tirando o seu sustento sem deixar de ser agricultor. Também vemos que há muitas mulheres à frente das agroindústrias familiares e isso é muito importante, porque encontramos aqui o fruto dessa produção”, explicou.
Entre as representantes no pavilhão, está a produtora Silvia Menegat, 42 anos. Ela veio com o cunhado do município de Farroupilha, a 100 quilômetros de Porto Alegre (RS), para comercializar os queijos e biscoitos do Laticínios Somacal na Expointer. Enquanto marcam presença na feira, parte da família fica em casa cuidando da produção e comercialização no município onde moram na região serrana.
“Eu sempre vou para as feiras, porque alguém tem que ficar para fazer as entregas dos nossos produtos. Em casa ainda tem todo o trabalho que é feito na fábrica. Enquanto eu estou aqui, o meu marido, minha mãe e cunhada, tocam a produção por lá. Eu adoro as feiras. Eu gosto de conversar com as pessoas, explicar direitinho como é feito o nosso produto. Eu prefiro fazer esse tipo de venda a vender para o mercado”, contou. Esta é a sexta vez que a agroindústria participa do pavilhão.
Negócio dos pais
Do público jovem, a produtora Bruna Dariva, 28 anos, apresenta a sua produção aos visitantes da Expointer com muito orgulho. Ela fez o caminho inverso, da cidade para o campo, depois de ver a agroindústria dos pais, em Erechim, acabar. “A fábrica começou em 1990, com incentivos da Emater. No início ela cresceu muito, mas cresceu desordenadamente e quebrou. Quando isso aconteceu, há uns cinco anos, eu voltei para o campo. Eu sou filha única e não podia deixar isso acontecer com minha família”, lembrou.
Para ela, esse retorno foi um choque de realidade. “Quando eu cheguei, pensei: ‘Meu Deus, e agora? Eu faço de conta que não é comigo e deixo tudo o que eles sofreram acabar ou vou a luta’”, disse. Ela decidiu pelo segundo caminho. Assumiu o negócio dos pais e a Queijos Dariva voltou a funcionar. A diferença é que o produto passou por uma inovação. Hoje, Bruna preza pela qualidade do produto que é ofertado aos clientes desde a matéria-prima, o leite, passando pela fermentação e comercialização. Se não bastasse, ainda se preocupa com a permanência dos jovens no campo.
“Eu e meu namorado (Júnior Boni, 22 anos), temos planos de construir uma fábrica-escola, dentro dos padrões, para que as crianças e os jovens tenham a vivência de como é a produção rural, do início ao fim. Queremos despertar algo na vida dos estudantes, mostrar que o leite não vem da caixinha. Elas vão ter acesso ao animal, colocar o pé na terra, ter uma experiência numa produção de qualidade”, explicou.
Para o secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul, Tarcísio Minetto, a juventude traz para a agroindústria familiar uma produção inovadora. “A juventude é mais ousada, mais curiosa, paga para ver. Ela está aqui com grandes e novos produtos. E faz parte da política, da agroindustrialização familiar, a participação da família no processo de produção”, ressaltou.

Fonte: Gabriella Bontempo / ASCOM
http://www.mda.gov.br/sitemda/noticias/agricultura-familiar-jovem-e-feminina

Comentários