O futuro da comida

O crescimento da população e o aquecimento global forçam a ciência a criar soluções para garantir o suprimento de alimentos
A maioria do salmão consumido no mundo é de cativeiro

Para uma pessoa que adquire todos os alimentos de que precisa no supermercado, é difícil imaginar que a grande variedade de cereais, legumes, frutas e carnes disposta nas prateleiras corre o risco de desaparecer. Mas, num planeta que alcançará sete bilhões de habitantes neste ano – e deve chegar a nove bilhões até 2050 –, a abundância de comida é meramente ilusória. No mundo todo, diariamente são extintas inúmeras espécies vegetais, os mares possuem cada vez menos peixes, e a criação extensiva de gado é um dos grandes motores do aquecimento global.
Enquanto uma população maior gera demanda por mais comida, o aquecimento do planeta exige novas variedades de plantas comestíveis, resistentes a novas pestes e condições climáticas. O mesmo ocorre com as raças de animais de que dependemos para obter proteínas – principalmente bois, cabras e porcos. Além disso, só recentemente o homem começou a domesticar nossa última fonte alimentar selvagem: os peixes. Algo urgente, considerando as estimativas de que, mantido o ritmo atual da pesca, em 50 anos não haverá mais o que tirar do mar.

Especialistas acreditam que, para garantir nutrientes a uma população 28,5% maior daqui a 40 anos, seria preciso dobrar a produção atual de alimentos. Quanto aos vegetais, o desafio é armazenar amostras do maior número possível de variedades alimentícias, a fim de fazer cruzamentos que garantam plantas mais produtivas e resistentes. Foi exatamente a combinação entre seleção e cruzamento que permitiu que alcançássemos as grandes produções atuais. Ao mesmo tempo, essa prática fez com que muitos tipos tenham se perdido. Na China, por exemplo, 90% das espécies de trigo que existiam há um século simplesmente sumiram. “A variabilidade genética é fundamental para garantir o futuro da humanidade”, diz Cary Fowler, diretor-executivo da Fundação Global para a Diversidade de Safras.
A variabilidade da comida é o futuro da humanidade
Em 2008, ele inaugurou o Banco Global de Sementes, em Svalbard, na Noruega. Nessa estrutura estão guardadas cópias de segurança dos germoplasmas (sementes, mudas e outras partes de vegetais que podem ser plantadas) dos 1,4 mil bancos desse tipo espalhados pelo mundo. Esses repositórios da diversidade vegetal possuem pelo menos 6,5 milhões de amostras de diferentes plantas comestíveis, que, no futuro, podem servir para fazer cruzamentos de acordo com as características desejadas.
O projeto mais ousado de Fowler, porém, é a busca global pelas últimas espécies selvagens dos alimentos que consumimos hoje, missão que deve durar dez anos. “Elas são a maior, a melhor e a última fonte de diversidade”, diz. A versão brasileira da arca da comida de Fowler é a Rede de Recursos Genéticos Vegetais, uma ramificação da Plataforma Nacional de Recursos Genéticos, formada por universidades e institutos de pesquisa e encabeçada pela Embrapa. A rede possui 214 mil amostras de 600 espécies agrícolas importantes. “Graças a ela, temos a chance de ter uma variedade muito maior de alimentos no prato no futuro”, diz Patrícia Bustamante, líder do programa.
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