A gastronomia e o desenvolvimento regional

Hans Eberhard Aichinger* (territorios@hojeemdia.com.br)
Bambá de couve
feito com caldo de carne, fubá, ovos, couve e linguiça é ideal para dias frios  (Imagem: mdemulher.abril.com.br)
Reconhecidamente, a gastronomia vem ganhando terrenos cada vez mais diversos e ecléticos em todos os ramos: profissionais e amadores. As tecnologias de processos, produtos, equipamentos e utensílios caminham a passos largos, cada vez facilitando mais o dia a dia dos profissionais, curiosos e aventureiros envolvidos.
Os profissionais e os amadores devem, e precisam para sobreviver, investir em conhecimentos atuais e estar sempre antenados ao mercado internacional para nivelar nossa gastronomia regional aos quesitos de inovações e qualidade com padrão mundial. 
Chefs de renome abandonam suas cozinhas e passam a ser ávidos pesquisadores, mesmo que não amparados na metodologia científica da pesquisa, em prol do resgate de produtos e processos regionais, a fim de elevá-los a um patamar de amplo reconhecimento. 
Assim, resgatar a tradição culinária é imprescindível para garantirmos a preservação da história e da cultura alimentar. Essa é uma tônica atual e anda fortemente atrelada ao desenvolvimento regional.
A gastronomia vem provando ser a mola mestra deste, embasando-se na pesquisa de insumos e processos autóctones. O vislumbre destes na cadeia produtiva é recorrente e garante que a comunidade envolvida, desde a agricultura familiar até o prato mais refinado da “Alta Gastronomia”, reconheça sua identidade. 
Este processo de resgate e desenvolvimento vem garantindo ações de divulgação constantes, quase sempre baseadas em feiras e eventos gastronômicos. Neste ponto, a convergência das iniciativas privadas e públicas passa a ser fundamental para que a perenidade garanta o fomento do desenvolvimento regional.
A qualidade presente nos alimentos tradicionais exigida pelos consumidores vai muito além disso, eles também estão em busca, da cultura regional ou local que ultrapassa os limites da produção desses alimentos, em um movimento contrário à globalização. 
A Gastronomia Criativa, nome emprestado da Economia Criativa, é uma poderosa tendência do setor. Ela propicia ao público a real possibilidade de exercer a gastronomia e não apenas experimentá-la. 
O comensal passa a percorrer grande parte da cadeia produtiva e experimenta o “outro lado”. Conhece in loco o manejo e a forma da obtenção da matéria-prima e dos processos envolvidos e vai cozinhar e agregar valor tal qual a comunidade ou mesmo um grande chef faria. 
A agricultura familiar passa então a ser o ponto de partida desta cadeia. Esta experiência agregada ao resgate de produtos e costumes oferece mais um enorme leque de possibilidades comerciais, acadêmicas e sociais, desde que amparadas na sustentabilidade. 
O pequeno produtor vislumbra então um horizonte bem mais amplo e favorável para seu desenvolvimento econômico o que acarretará, certamente, numa nova forma de abordagem de seus produtos.
Minas Gerais é um estado continental, se comparado com a geografia europeia. Essa vastidão territorial aliada às tendências aqui apontadas e ao nome que a cozinha mineira contundentemente porta, propiciam ao Estado um posicionamento diferenciado: o de Representante da Gastronomia Brasileira ante ao mundo.
(*) Gerente de Produtos do Senac em Minas Gerais

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